Estudo mostra: filhos emocionalmente saudáveis dependem mais da atenção dos pais do que da quantidade de tempo juntos Conciliar trabalho, família, sono e saúde é um desafio para qualquer profissional. E entre todos os sacrifícios que a rotina impõe, o que mais pesa na consciência dos pais é quase sempre o mesmo — passar menos tempo com os filhos. Mas, segundo a ciência, o que realmente importa não é quanto tempo você passa com eles, e sim como você está presente nesse tempo. A presença física não basta — é preciso presença mental Um estudo clássico citado no livro Liderança Total, do professor da Wharton School Stewart Friedman, mostrou que a quantidade de horas que pais passam com os filhos não é o melhor indicador da saúde emocional e comportamental das crianças. O fator decisivo é outro: a atenção plena. 'Se você está pensando em trabalho quando está com seu filho, ele percebe — e isso o afeta', escreve Friedman. Em outras palavras, tempo e atenção não são a mesma coisa. É possível estar presente fisicamente, mas ausente psicologicamente — e os filhos sentem isso. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção 'Garbage time': o valor dos momentos comuns O comediante Jerry Seinfeld oferece uma visão poderosa sobre o que realmente significa tempo de qualidade. Ele diz que não busca 'momentos especiais' com os filhos, e sim o que chama de garbage time — aqueles minutos banais e imperfeitos do cotidiano. 'Gosto de ver meus filhos lendo um gibi ou tomando cereal à noite. É nesses momentos comuns que a vida acontece de verdade.' Esses instantes, muitas vezes improvisados e simples, são onde as conexões emocionais mais autênticas se formam. O segredo está em estar totalmente presente — sem celular, sem e-mails, sem distrações. Trabalho e família: não é culpa, é equilíbrio A pesquisa de Friedman identificou três fatores que afetam diretamente o bem-estar dos filhos: A forma como os pais valorizam carreira e família. A interferência mental do trabalho na vida familiar. O grau de controle sobre o próprio tempo. Curiosamente, o estudo descobriu que pais satisfeitos e realizados profissionalmente têm filhos com menos problemas emocionais — independentemente das horas que passam no trabalho. Ou seja, amar o que se faz também é uma forma de ensinar propósito, entusiasmo e equilíbrio. O problema surge quando o trabalho invade todos os espaços — inclusive o tempo em família. Como criar tempo de qualidade — mesmo com pouco tempo Não é preciso reinventar a rotina, mas estruturar momentos de foco total. Agende o tempo em família como um compromisso de trabalho. Jantar juntos, assistir a um filme, caminhar ou ajudar nas lições. Comunique limites com clareza. Dizer 'vou mandar dois e-mails e depois vamos brincar' é melhor do que tentar fazer tudo ao mesmo tempo. Identifique os horários de maior conexão. Pode ser antes da escola, no jantar ou antes de dormir. Proteja esses momentos. Desligue-se de verdade. Um curto período de atenção plena vale mais do que horas divididas entre o celular e os filhos. Friedman resume: 'Se queremos entender como nossas carreiras afetam a saúde mental dos filhos, devemos focar no valor que damos a cada parte da vida e encontrar formas criativas de estar disponíveis — física e psicologicamente.' O essencial: não mais tempo, mas melhor tempo Nem sempre é possível trabalhar menos. Mas sempre é possível estar mais presente.Trinta minutos sem distrações têm mais impacto do que uma tarde de presença fragmentada. No fim das contas, os filhos não lembram das horas que você passou com eles — lembram de como você os fez se sentir quando estava lá.