Certamente você já notou que empresas de um mesmo segmento costumam se posicionar próximas umas das outras, seja no comércio de rua, seja nos shoppings centers: ruas que concentram várias óticas, esquinas que concentram três, quatro farmácias, praças de alimentação. Na indústria, isso costuma ser bem comum também no caso de companhias que se complementam: no entorno de montadoras de carros, por exemplo, costumam estar localizadas várias fábricas menores que produzem e fornecem componentes. Esses são apenas alguns exemplos de como a colaboração é um elemento chave nos mercados, e de como mesmo concorrentes mantêm uma relação de simbiose em certos cenários. Essa realidade tem muita força também quando olhamos para o contexto interno das empresas. Não à toa, palavras como integração, sinergia, engajamento, pertencimento têm lugar cativo no vocabulário dos RHs. Promover o trabalho conjunto é uma missão extremamente importante, porque é por meio da colaboração que conseguimos mapear mais facilmente os problemas e construir soluções. A 3M é certamente uma das maiores referências globais no quesito Inovação. Com décadas de história, a empresa é responsável por alguns dos produtos mais presentes no nosso dia a dia, como o post it, fitas adesivas, películas, produtos de limpeza, equipamentos médicos. E sua história de sucesso está intrinsecamente ligada à visão colaborativa que a permeia desde a origem. Colaboração e Inovação andam juntas A criação do post it é um exemplo disso. Em 1968, o pesquisador da empresa Spence Silver criou um adesivo que colava mal. Depois de algumas tentativas de encontrar uma utilidade para aquilo, acabou desistindo. Entretanto, algo fundamental da cultura da 3M mudou essa história. A empresa valoriza imensamente o empreendedorismo e estimula seus times a tentarem, sem punir o erro. Em outra mão, também promove a integração entre os seus vários pesquisadores e o legado de tudo que se faz é transmitido. Foi assim que 10 anos depois outro pesquisador, Art Fry, aperfeiçoou e encontrou uma utilidade comercial para aquele adesivo que cola mal. E assim nasceu o post it. O cooperativismo como modelo de negócio Outro exemplo de aplicação bem sucedida da colaboração está no cooperativismo, modelo de negócio que remonta ao século XVIII e que nasceu como um contraponto ao capitalismo tradicional ainda em sua fase estritamente mercantil. No Brasil, é impossível falar do nosso desenvolvimento econômico sem olhar para as cooperativas. Elas estão presentes, por exemplo, no setor que hoje carrega o nosso PIB nas costas, o agro. Em entrevista no Café com ADM, Carlos Alberto Freitas, da cooperativa Dália Alimentos, dá uma verdadeira aula sobre como o modelo tem ajudado a construir negócios longevos. Clique aqui para escutar o episódio completo. A colaboração dentro da cooperação Uma das cooperativas mais antigas do Brasil, o Sicredi é um case muito interessante quando o assunto é colaboração. Além de estar formalmente baseada em uma estrutura descentralizada cooperativa do ponto de vista empresarial, é um dos melhores exemplos de como a promoção da colaboração interna pode ajudar negócios a crescerem e conquistarem mercado. Débora Toschi, superintendente Fiscal e de Pagamentos do Centro Administrativo Sicredi, explica que desde sua origem, a cooperativa tem como cultura promover encontros entre os times e gerar maneiras de as experiências locais se transformarem em soluções replicáveis em outras praças cooperadas. A intercooperação está no DNA do Sicredi. Desde o Padre Amstad, são realizados fóruns das diferentes áreas, justamente com esse objetivo, explicou Débora em entrevista ao Administradores durante o Fórum Nacional de Processos do Sicredi, que aconteceu em João Pessoa/PB no último mês de março. O padre Theodor Amstad, mencionado por Débora, é o fundador da Sicredi Pioneira, a primeira cooperativa de crédito da América Latina. Originário da Suíça, ele se estabeleceu na cidade de Nova Petrópolis (RS), onde criou a organização em 1902, com o auxílio de 19 pequenos produtores, nomeando-a originalmente Caixa Rural de Nova Petrópolis. Depois dela, foram instituídas várias outras cooperativas Sicredi, que hoje somam 105 em todo o país, com mais de 2.500 agências ativas. Troca de experiência ajuda a aperfeiçoar processos Júlio Claudino, Sicredi/CE | Foto: Administradores.com Júlio Claudino, assessor de processos e qualidade no Sicredi Ceará, apresentou no Fórum Nacional de Processos, em João Pessoa/PB, o case de um trabalho de otimização que conduziu e ajudou a reduzir drasticamente atrasos em processos internos e dar mais inteligência a diferentes setores, como o administrativo e o departamento pessoal. Com a implementação do sistema de gestão à vista, nós conseguimos reduzir de 31% para 11% a taxa de atrasos em processos internos de uma área da cooperativa. E agora estamos trabalhando rumo aos 8%, com vistas a zerar na sequência, explicou Júlio sobre o trabalho que apresentara instantes antes a uma plateia de centenas de outros colegas de unidades do Sicredi em todo o Brasil. O compartilhamento do conhecimento gerado vai permitir que outros Sicredis possam replicar e atuar sobre o mesmo problema, caso precisem, complementou. Colaboração na aprendizagem No Administradores Premium, plataforma de educação para Carreira e Negócios do Administradores.com, milhares de profissionais, líderes e empresários do Brasil e do exterior não só aprendem com as aulas, como também trocam experiências com outros membros. Essa é uma forma excepcional de aprender, porque você absorve um conhecimento teórico e, ao mesmo tempo, o confronta com a realidade de outras pessoas que têm desafios parecidos com os seus. Assim fica muito mais fácil transformar aquele aprendizado em resultado, visualizando de forma mais clara sua aplicabilidade, ressalta Leandro Vieira, CEO e fundador do Administradores. E você, como tem usado a colaboração a seu favor?