Economista estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 5 de agosto, devido a complicações em seu estado de saúde Na madrugada desta segunda-feira (12), o Brasil perdeu um de seus mais emblemáticos economistas, Antônio Delfim Netto, aos 96 anos. Delfim Netto, que desempenhou um papel crucial durante o “milagre econômico” da ditadura militar, deixou um legado marcante na história econômica do país. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 5 de agosto, devido a complicações em seu estado de saúde, conforme divulgado por sua assessoria. A carreira e o impacto de Delfim Netto Delfim Netto começou sua carreira como o mais jovem ministro da Fazenda do Brasil, assumindo o cargo aos 38 anos, em 1967, durante os governos militares de Costa e Silva e Médici. Ele foi um dos principais responsáveis pelo chamado “milagre econômico”, um período de forte crescimento econômico no país, e também foi um dos signatários do Ato Institucional número 5 (AI-5), o mais repressivo da ditadura militar. Após sua atuação na Fazenda, Delfim foi embaixador do Brasil na França e ocupou os ministérios da Agricultura e do Planejamento nos governos seguintes. Mesmo após a redemocratização, Delfim continuou a influenciar a política econômica brasileira, servindo como deputado federal por cinco mandatos consecutivos. Ele foi um dos principais conselheiros econômicos de presidentes de diferentes espectros políticos, incluindo os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, além de ter contribuído com Michel Temer na formação de sua equipe econômica. A vida de Delfim Netto também foi marcada por controvérsias. Na década de 1980, ele foi envolvido em um escândalo financeiro relacionado ao desvio de recursos públicos, mas foi absolvido das acusações em 1994 pelo Supremo Tribunal Federal. Em 2018, foi alvo da operação Lava Jato sob a suspeita de receber propina relacionada à Usina Belo Monte, acusações que ele negou, afirmando ter prestado serviços de consultoria. Delfim Netto também deixou uma grande contribuição acadêmica, doando sua vasta biblioteca pessoal à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) em 2014. O acervo, composto por mais de 100 mil livros e 90 mil revistas, inclui obras históricas e raras, como originais de Adam Smith e John Maynard Keynes.