Muitos profissionais aproveitam esse dia para trabalhar de casa em um ritmo mais leve, tornando a presença no escritório quase inexistente A tradicional semana de trabalho de cinco dias no escritório já não existe mais em grande parte das empresas. Com o advento do trabalho híbrido, a sexta-feira ganhou uma nova identidade, tornando-se um dia de trabalho mais tranquilo e flexível. Segundo Lindsay Kohler, em artigo da Forbes, muitos profissionais aproveitam esse dia para trabalhar de casa em um ritmo mais leve, resultando em um fenômeno onde a presença no escritório às sextas-feiras é quase inexistente, com uma média de frequência de apenas 4,1%. Mudanças na cultura de trabalho pós-pandemia Bruce Daisley, autor best-seller e especialista em tendências no ambiente de trabalho, discute essa nova identidade das sextas-feiras. Antes mesmo da pandemia, as sextas já eram vistas como dias mais relaxados, frequentemente marcados por atividades de interação entre colegas e a adoção do dress code casual. Com o trabalho remoto se consolidando, muitas empresas passaram a ver as sextas-feiras como dias de menor produtividade no escritório. Daisley comenta que, se os profissionais tivessem a opção de escolher um dia para trabalhar de casa, a maioria optaria pela sexta-feira. Se a opção fosse por dois dias, eles escolheriam quinta e sexta. LEIA TAMBÉM Como o barulho nos escritórios virou um “mercado” lucrativo Manicure, massagem e espaço pet: o que a Mastercard está fazendo para convencer funcionários a trabalhar no escritório Sextas sem reuniões A combinação do trabalho remoto e um ritmo mais lento às sextas criou uma espécie de “zona de relaxamento”. Muitos profissionais utilizam a manhã para atualizar tarefas e monitorar e-mails à tarde. Algumas empresas, no entanto, tentam evitar essa prática. O Deutsche Bank, por exemplo, implementou uma política onde os funcionários não podem trabalhar de casa na sexta-feira e na segunda-feira seguinte. Resiliência das empresas às mudanças A resistência de algumas companhias a essas mudanças está relacionada à mentalidade dos líderes, que muitas vezes adotam a postura de “Eu tive que fazer isso, então vocês também terão que fazer”. Daisley sugere que o aspecto social das sextas-feiras pode estar fazendo falta no ambiente de trabalho remoto, impactando a cultura do escritório. Ele observa que, sem o dia divertido e relaxado das sextas, surgem implicações sobre a cultura dos ambientes de trabalho. Benefícios para a saúde mental As sextas remotas oferecem uma oportunidade para os profissionais atualizarem tarefas e e-mails em um ritmo mais lento, o que pode ser positivo para a saúde mental e a redução do burnout. Daisley especula que, a longo prazo, as estatísticas de burnout podem realmente melhorar com a adoção de sextas-feiras mais tranquilas. Ele argumenta que a forma mais relaxada de trabalhar nesse dia pode se transformar em um dia “sem trabalho” oficial ou não, criando uma semana de trabalho de quatro dias na prática, algo já testado em empresas no Brasil e em outros países. O futuro das sextas-feiras Daisley acredita que é improvável que as sextas voltem a ser um dia completo no escritório para a maioria dos profissionais. Embora algumas empresas possam tentar impor um retorno presencial às sextas-feiras, esses esforços provavelmente serão recebidos com resistência. Os líderes precisarão se adaptar e se preparar para as consequências dessas mudanças, reconhecendo que as sextas-feiras ganharam um novo padrão.