Embora a participação feminina nesses setores varie, os índices de acidentes são consistentemente mais altos entre mulheres do que entre homens nas mesmas funções Mulheres que atuam em setores como construção civil, agricultura, transporte, manufatura e segurança pública estão mais suscetíveis a sofrer acidentes de trabalho do que seus colegas homens. A constatação vem de um estudo recente realizado pelo escritório DeMayo Law Offices, especializado em casos de lesões pessoais, com sede em Charlotte, nos Estados Unidos. A pesquisa analisou dados de registros de acidentes e revelou que, à medida que setores historicamente masculinos passam a contar com maior diversidade de gênero, os índices de acidentes envolvendo mulheres se tornam proporcionalmente mais altos. Segundo o levantamento, além dos riscos físicos comuns, como quedas, queimaduras e contato com maquinário pesado, as trabalhadoras estão expostas a riscos menos visíveis, como assédio, discriminação e falta de equipamentos de proteção adequados ao corpo feminino. 'Identificar esses padrões é essencial para promover mudanças nas políticas de segurança e melhorar as condições de trabalho nesses setores de alto risco', destaca o relatório. Setores com maior incidência de acidentes De acordo com o estudo, os setores mais perigosos para as mulheres são, pela ordem: manufatura, agricultura, pesca, transporte, segurança pública, soldagem, construção civil, manutenção, cobertura (telhados) e serviços elétricos. Embora a participação feminina nesses setores varie — chegando a cerca de 30% na indústria de manufatura e apenas 3% no setor elétrico —, os índices de acidentes são consistentemente mais altos entre mulheres do que entre homens nas mesmas funções. Fatores que aumentam os riscos Entre os principais fatores identificados, está a inadequação dos equipamentos de proteção individual (EPIs), frequentemente projetados considerando apenas padrões físicos masculinos. Isso compromete diretamente a segurança das mulheres no ambiente de trabalho. O estudo também aponta que a prevalência de comportamentos hostis, assédio e discriminação, comuns em ambientes tradicionalmente masculinos, agrava ainda mais os riscos. Na agricultura, por exemplo, mulheres que atuam em áreas rurais isoladas estão mais vulneráveis ao assédio. Situação semelhante enfrentam motoristas de transporte rodoviário, que relatam episódios de machismo e comportamento hostil vindos de outros condutores. Entre 2018 e 2021, quase dois terços das denúncias de assédio sexual no ambiente de trabalho nos Estados Unidos foram feitas por mulheres, segundo o relatório. Riscos também em outras profissões O levantamento também identificou riscos elevados para mulheres em setores que, à primeira vista, não são associados a trabalhos de alto risco físico, como educação, saúde e assistência social. Nesses casos, além de possíveis agressões físicas, a exposição frequente a situações de hostilidade e assédio impacta diretamente na saúde mental das profissionais. Somente no primeiro trimestre de 2024, as mulheres foram responsáveis por 71% dos pedidos de afastamento por questões de saúde mental relacionadas ao estresse ocupacional. Recomendações do estudo Diante dos dados, o relatório do DeMayo Law Offices defende que as empresas adotem medidas específicas para mitigar os riscos enfrentados por mulheres nesses ambientes de trabalho. As recomendações incluem: Fornecimento de EPIs que considerem as características físicas femininas; Revisão dos protocolos de segurança, levando em conta as necessidades de todos os gêneros; Ampliação do suporte à saúde mental; Combate efetivo ao assédio e à discriminação no ambiente profissional. 'Enquanto essas mudanças não forem implementadas, as mulheres continuarão a enfrentar os maiores impactos dos riscos ocupacionais, tanto físicos quanto emocionais. É urgente priorizar reformas que tornem os ambientes de trabalho mais seguros, respeitosos e inclusivos', conclui o relatório.