Santos é um celeiro de craques. No futebol, revelou Pelé e Neymar. Na física, apresentou ao mundo Bárbara Cruvinel. Aos 13 anos, a então adolescente fez uma prova para concorrer a uma bolsa escolar. Após obter um ótimo desempenho, o colégio a incentivou a participar de olímpiadas de conhecimento. Hoje, Bárbara estuda física em Yale e acredita que participar de competições como essas formaram a estudante que ela é hoje. 'Na época, eu não sabia muito bem o que eram as olimpíadas, mas me soou bacana por que eu era um tanto competitiva e gostava muito de matérias exatas, em geral'. Ela conta que foram poucas vitórias nos dois primeiros anos, mas, no ensino médio, um torneio de física na Alemanha trouxe sua medalha mais importante. 'Um professor falou de um torneio chamado Young Physicist's Tournament, o IYPT. Era uma competição diferente das outras, por que não envolvia provas como a maioria das olímpiadas. Na verdade, eram problemas que demoravam meses para serem resolvidos e os alunos deveriam propor soluções teóricas e provar com experimentos o que eles tentavam demonstrar. Em seguida, os alunos selecionados teriam que debater na frente de jurados as suas respectivas soluções', conta Bárbara, que voltou para o Brasil carregando um bronze. Bárbara Cruvinel (ao centro) durante a IYPT, na Alemanha, em 2012 (Foto: Acervo pessoal) Ao todo, ela coleciona 12 medalhas nas mais diversas áreas. Além de física, Bárbara já participou de competições em matemática, linguística, química, astronomia e robótica. Depois do IYPT, ela decidiu se dedicar a pesquisas em física e passou pela faculdade de engenharia da USP, enquanto aguardava pelos resultados nos Estados Unidos. Hoje, como aluna de Yale, Bárbara pode ir até o CERN (Organização Europeia para Pesquisas Nucleares, em traduçao livre), na Suíça, e pesquisar física de partículas com sua professora. 'Realmente, percebo que vir para os Estados Unidos foi algo despertado por causa da curiosidade que as olimpíadas me geravam por ciência e pesquisa. O que eu faço agora está bastante ligado ao que eu fiz no ensino médio com olimpíadas', explica Bárbara. Mesmo após deixar a escola, ela ajuda a manter um site sobre olímpiadas de conhecimento, criado pelos jovens Cássio dos Santos e Ivan Ferreira. Cássio, inclusive, também é colecionador de medalhas (25, ao todo). Seu interesse por Olímpiadas surgiu em 2006, ainda no oitavo ano, quando o colégio ofereceu aulas preparatórias para uma competição em astronomia. Ele explica que entre as em que esteve presente, a Olímpiada Internacional de Física, na Croácia, em 2010, foi a mais marcante. 'A competição envolveu 370 alunos de 81 países. Um nível de provas alto e nosso time conseguiu trazer a medalha de bronze', afirma Cássio. Cássio dos Santos (Foto: Acervo pessoal) Hoje, o estudante de engenharia da computação no ITA avalia os impactos de ter se engajado nessas competições durante o ensino médio. 'Você cria um outro interesse pelo estudo e se envolve com conteúdos mais avançados. Você vai além dos livros e desenvolve sua criatividade. Aprende como modelar um problema nunca visto', complementa.