Entender e avaliar dados não requer habilidades estatísticas avançadas, mas sim senso comum, pensamento crítico e uma dose saudável de ceticismo Os desafios que os líderes empresariais enfrentam nunca foram tão grandes. A complexidade das decisões diárias aumenta devido à inflação, tensões comerciais, incertezas políticas e questões de capital humano, como diversidade, inclusão e saúde mental. As preocupações ambientais, sociais e de governança tornaram-se responsabilidades do C-suite, e a inteligência artificial traz tanto novas oportunidades quanto ameaças. Diante desse cenário, a informação é uma ferramenta vital. No entanto, com a abundância de dados disponíveis, é crucial saber em quais informações confiar. Alex Edmans, professor de finanças na London Business School, ofereceu, em artigo para a Harvard Business Review, uma estrutura útil para avaliar a confiabilidade das informações. O desafio da informação Apesar da abundância de dados, a confiança nas informações pode ser problemática. Estudos acadêmicos, pesquisas de consultorias e artigos de mídia podem conter informações imprecisas ou enganosas. Até mesmo pesquisas publicadas em revistas de prestígio podem estar baseadas em dados manipulados. Além disso, o viés de confirmação pode levar as pessoas a compartilharem o que elas desejam que seja verdade, em vez do que realmente é. LEIA TAMBÉM Como as emoções influenciam sua tomada de decisão 7 aspectos emocionais decisivos em qualquer tomada de decisão A escada da desinformação Edmans desenvolveu o conceito de “escada da desinformação”, que categoriza os tipos de informações enganosas em quatro etapas principais. Esta estrutura ajuda líderes a identificar e evitar armadilhas comuns ao avaliar informações. Declarações falsas Exemplo: Um relatório de uma ONG afirma que empresas com alto índice ESG (ambiental, social e de governança) superam suas concorrentes. Ao verificar a fonte citada, descobre-se que o artigo original, intitulado 'Where ESG Fails', afirma que não há evidências conclusivas de que práticas ESG resultem em melhor desempenho financeiro. Medições imprecisas Exemplo: Um estudo alega que empresas que investem em ESG colhem altos retornos. No entanto, ao examinar o estudo, percebe-se que ele não mediu o nível de ESG das empresas, apenas perguntou se as empresas consideravam ESG mais importante, o que é bastante diferente de medir o impacto real das práticas ESG. Dados representativos Exemplo: Livros e palestras populares costumam usar estudos de caso para ilustrar seus pontos, escolhendo exemplos extremos que destacam suas teorias. No entanto, esses exemplos podem ser exceções e não representar a norma. Para validar uma teoria, é necessário analisar uma ampla gama de casos, incluindo aqueles que seguiram a fórmula e falharam. Dados conclusivos Exemplo: Um estudo sobre governança corporativa pode mostrar que empresas bem governadas têm melhor desempenho. No entanto, isso pode ser devido à causalidade reversa ou a fatores comuns, como a qualidade do CEO, que melhora tanto a governança quanto o desempenho. Quatro perguntas cruciais Para aplicar a escada da desinformação na prática, Edmans sugere fazer quatro perguntas ao avaliar informações: A declaração é respaldada por dados? Verifique se os dados realmente suportam a declaração e o que os dados medem. O fato é representativo ou foi escolhido a dedo? Considere se há outros exemplos que contradizem o ponto sendo feito. Os dados apresentados têm teorias rivais que também são consistentes com os mesmos dados? Pense em teorias alternativas que podem explicar os dados. A evidência é aplicável ao contexto específico em questão? Verifique se a evidência se aplica ao cenário em que você está interessado. Entender e avaliar dados não requer habilidades estatísticas avançadas, mas sim senso comum, pensamento crítico e uma dose saudável de ceticismo. Aplicar essas perguntas de maneira seletiva e prática pode ajudar líderes a navegar no mar de informações disponíveis e tomar decisões mais informadas.