O que se observa é a consolidação de um novo modelo de gestão agrícola, baseado em dados, prevenção e inteligência operacional A digitalização do campo brasileiro começa a produzir efeitos que vão além do aumento de produtividade. Com a adoção da Internet das Coisas (IoT), produtores rurais passam a operar com mais previsibilidade, menos perdas e maior controle sobre seus ativos. Na prática, dados em tempo real, manutenção preditiva e rastreamento inteligente de máquinas estão ajudando a evitar prejuízos que podem chegar a R$ 50 mil por equipamento, além de abrir espaço para uma redução de até 20% no valor das apólices de seguro. Esse avanço ocorre a partir da conectividade aplicada diretamente a tratores, colheitadeiras e outros ativos agrícolas. Sensores embarcados monitoram variáveis críticas como temperatura do motor, vibração, consumo de combustível e desgaste de componentes. Com essas informações, o produtor deixa de reagir a falhas e passa a antecipá-las, programando intervenções antes que pequenos problemas se transformem em paradas não planejadas justamente nos períodos mais críticos da safra. Além do impacto direto na manutenção, o monitoramento contínuo também reforça a segurança patrimonial. O rastreamento em tempo real dificulta furtos, acelera a recuperação de equipamentos e reduz o risco de perda total das máquinas. Esse fator, por si só, já altera de forma significativa a relação entre produtores rurais e seguradoras. Segundo Daniel Fuchs, VP de Inovação da Arqia, a conectividade aplicada ao agronegócio cria uma nova camada de controle e previsibilidade. Quando há acesso a informações em tempo real, torna-se possível operar máquinas dentro de parâmetros ideais, evitar sobrecargas, identificar usos indevidos e agir rapidamente em casos de roubo. O resultado é mais segurança operacional e financeira para o agricultor. IoT redesenha a lógica do seguro rural O impacto da IoT não se limita à operação no campo. Ele começa a redesenhar também o funcionamento do mercado segurador. Com acesso a relatórios técnicos detalhados sobre o estado dos equipamentos e o histórico de uso, seguradoras passam a avaliar riscos com muito mais precisão. Isso viabiliza modelos de precificação mais justos e personalizados, como os seguros baseados no uso, conhecidos como UBI (Usage-Based Insurance). Na prática, produtores que demonstram boa condução das máquinas, manutenção adequada e menor exposição a riscos tendem a ser recompensados com apólices mais acessíveis. A lógica é simples: menos falhas significam menor sinistralidade, o que permite contratos mais vantajosos tanto para quem produz quanto para quem assegura. Esse movimento também fortalece a competitividade do agronegócio brasileiro. Ao reduzir custos operacionais, minimizar perdas e ampliar o acesso a seguros mais eficientes, a conectividade passa a desempenhar um papel estratégico nas decisões de negócio. A tecnologia deixa de ser apenas infraestrutura e se consolida como um diferencial econômico. Para Fuchs, esse é um passo decisivo na transformação do setor. A conectividade robusta e segura permite que o campo brasileiro avance em eficiência, sustentabilidade e competitividade, criando um ambiente onde dados orientam decisões e reduzem incertezas. O que se observa é a consolidação de um novo modelo de gestão agrícola, baseado em dados, prevenção e inteligência operacional. A IoT deixa de ser promessa e passa a gerar impacto concreto, tanto na redução de prejuízos quanto na forma como riscos são mensurados, precificados e protegidos no agronegócio.