Ambição, risco e reinvenção: o que a história do BTG Pactual ensina sobre liderança corporativa

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Ao revelar a cultura, os conflitos e os protagonistas do maior banco de investimentos da América Latina, este livro oferece lições profundas sobre liderança, gestão de crises, cultura corporativa e a importância da reinvenção contínua
Histórias de negócios costumam seguir um ciclo previsível. Mas algumas narrativas escapam desse padrão e revelam algo mais profundo sobre cultura, estratégia e liderança. “De volta ao jogo”, de Ariane Abdallah, faz exatamente isso ao reconstruir a trajetória eletrizante do BTG Pactual, o maior banco de investimentos da América Latina, marcado por conquistas impressionantes, tombos dramáticos e uma capacidade rara de se reinventar diante do caos.
O livro vai além da superfície dos números e mostra como decisões ousadas, ambições gigantescas e relações de poder moldaram uma organização que sempre apostou alto, especialmente em momentos de turbulência econômica. A obra ilumina um ponto crucial do ambiente corporativo: não é só a estratégia que determina o destino de uma empresa, mas o perfil de seus líderes, suas crenças e sua tolerância ao risco.
O poder (e o perigo) de uma cultura agressiva
A narrativa expõe uma cultura movida por meritocracia radical, apostas calculadas e incentivo extremo ao protagonismo. Esse modelo criou uma máquina de talentos e resultados extraordinários, mas também pedidos altos: pressão constante, conflitos intensos e erros que custaram caro.
No ambiente corporativo, o livro funciona como alerta e inspiração. A agressividade estratégica pode gerar vantagem competitiva, desde que equilibrada com governança, ética e autocontrole. Quando essas âncoras falham, mesmo os grandes podem cair.
A reinvenção como habilidade de sobrevivência
A volta do banco ao controle brasileiro e sua ascensão após momentos críticos reforçam outro aprendizado essencial: instituições que sobrevivem são aquelas que tratam crise como matéria-prima para inovação.
No mundo corporativo, isso se traduz em líderes capazes de tomar decisões rápidas, manter a confiança da equipe e ajustar o rumo sem paralisar o negócio.
“De volta ao jogo” mostra que empresas que renascem não dependem apenas de estratégia, mas de narrativas fortes, cultura resiliente e protagonistas que mobilizam pessoas mesmo em terreno instável.
Liderança é sobre pessoas, não só sobre técnica
O livro também destaca o impacto emocional e psicológico da liderança. Ambição demais pode corroer. Ego demais pode cegar. Pressão demais pode quebrar carreiras. Ao acompanhar figuras como Luiz Cezar Fernandes e André Esteves, a obra lembra que líderes não são máquinas.
São humanos que enfrentam dilemas, erros e momentos de fragilidade. E ainda precisam carregar uma organização inteira nas costas.
Essa dimensão humana torna a leitura valiosa para gestores, pois evidencia que liderar é tão emocional quanto técnico, e que ninguém chega longe sozinho ou sem pagar algum preço pessoal.









