Com o suporte certo, profissionais com TDAH conseguem não apenas cumprir prazos, mas elevar o padrão de criatividade e energia do time A gestão do tempo é uma competência básica para qualquer função. Mas, para quem vive com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, o TDAH, esse desafio costuma ser bem mais intenso. Procrastinação, distrações recorrentes e dificuldade de estimar prazos podem transformar tarefas simples em fontes constantes de estresse, mesmo quando o profissional é talentoso e dedicado. Segundo estimativas dos Centers for Disease Control and Prevention, existem cerca de 15,5 milhões de adultos com TDAH nos Estados Unidos. E, apesar das dificuldades clássicas com foco e organização, esses trabalhadores carregam um conjunto de forças que fazem diferença nos resultados. Um estudo citado da Deloitte aponta que equipes com funcionários neurodivergentes podem ser 30% mais produtivas, graças a habilidades que ampliam o desempenho coletivo. TDAH não é falta de capacidade, é diferença de funcionamento A professora Ashley Hanson, Ph.D., da University of Alabama at Birmingham, destaca que pessoas com TDAH trazem vantagens competitivas como criatividade, energia e pensamento fora do padrão. Em ambientes preparados, esse potencial aparece com clareza. Em ambientes mal estruturados, no entanto, as mesmas características podem ser interpretadas como desorganização ou desinteresse. O problema é que as dificuldades de gestão do tempo podem se manifestar em sinais visíveis. Atrasos crônicos, prazo perdido e tarefas não concluídas são exemplos comuns. Isso aumenta a vulnerabilidade a advertências, absenteísmo e até demissão. A boa notícia é que esses resultados não são inevitáveis. Eles podem ser prevenidos com ajustes práticos no modo como o trabalho é organizado. Ver todos os stories 6 hábitos que sabotam seu crescimento O nordestino que ousou fazer o impossível O que está em jogo com a 'PEC da Blindagem' Uma verdade sobre suas assinaturas de streaming que você não vê Boninho, The Voice e a lição da reinvenção Cinco acomodações fáceis de implementar A primeira delas é clareza. Para pessoas com TDAH, expectativas vagas viram ruído. Por isso, líderes devem detalhar entregas, objetivos e critérios de qualidade. Quando possível, vale apoiar a priorização do dia e registrar orientações por escrito. A segunda é feedback frequente. Não se trata de microgestão, mas de checkpoints curtos e regulares para alinhar foco e direção. Essa rotina reduz o risco de o profissional se perder em tarefas secundárias ou atrasar o que é essencial. A terceira é oferecer um espaço de trabalho com menos estímulos. Não significa isolar a pessoa em uma sala fechada, mas posicioná-la em áreas de baixo fluxo, longe de interrupções constantes. Menos ruído ao redor costuma significar mais consistência na execução. Flexibilidade e registro salvam energia mental A quarta acomodação é flexibilidade. Modelos híbridos ou remotos podem diminuir distrações sociais e facilitar pontualidade. Para quem luta contra o tempo, reduzir a fricção do deslocamento e do ambiente lotado pode ser a diferença entre um dia produtivo e outro completamente fragmentado. A quinta é documentar. O TDAH dificulta reter informações no momento exato em que elas serão necessárias. Deixar tudo depender da memória eleva o risco de erro e ansiedade. Notas de reunião, checklists, direções detalhadas e resumos ajudam o profissional a recuperar o fio da tarefa com mais rapidez. Hoje, inclusive, muitas ferramentas de IA podem automatizar esses registros, poupando tempo do gestor e do time. No fim, o recado é claro. Com o suporte certo, profissionais com TDAH conseguem não apenas cumprir prazos, mas elevar o padrão de criatividade e energia do time. Empresas que enxergam neurodivergência como vantagem e não como problema ganham produtividade real, além de construir uma cultura mais justa e moderna.