Num primeiro momento, o melhor é compreender o conceito de stress e como ele pode ser positivo ou negativo e o impacto que, vivenciado de forma negativa, gera na produtividade do profissional e consequentemente nas organizações. Quando nos sentimos ameaçados, nosso organismo desencadeia uma série de reações ao mesmo tempo. Esse processo caracteriza o stress. O estresse pode ser definido como um estado antecipado ou real de ameaça ao equilíbrio do organismo e a reação do mesmo, que visa restabelecer o equilíbrio através de um complexo conjunto de respostas fisiológicas e comportamentais. A manutenção deste estado de equilíbrio, homeostase, é essencial para a vida e é constantemente desafiado por forças internas ou externas.( Antônio Waldo Zuardi ). Os principais sistemas do corpo trabalham em conjunto para oferecer uma das defesas mais poderosas do organismo humano: a reação ao stress ou reação de luta/fuga. Ajuda-nos a reagir diante de uma emergência e a lidar com mudanças. Para isso, ela reúne cérebro, glândulas, hormônios, sistema imunológico, coração, sangue e pulmões. O stress propriamente dito não caracteriza uma doença, mas pode-se dizer que ele é o causador de várias doenças, devido à produção excessiva e constante dos hormônios adrenalina e cortisol no organismo. Acompanhe abaixo as características principais do stress agudo e do stress crônico. Stress agudo:– Curto prazo: ação decisiva rápida, bem orquestrada e crítica, necessária para a sobrevivência. (Lutar ou fugir). – Aumenta a locomoção dos glóbulos brancos que combatem patógenos. Essa resposta cerebral protege o organismo em momentos de stress agudo, mas danifica em momentos de stress crônico. Stress crônico:– Longo prazo, persistentes. – Estágios: alarme, resistência, exaustão: síndrome geral de adaptação. – Quando ele não é desligado, o sistema imune é suprimido. O stress age nos protegendo quando em condições agudas, mas quando é ativado cronicamente, pode causar ou acelerar doenças. É um sistema poderoso que aguça nossa atenção e mobiliza nosso organismo para lidar com situações ameaçadoras e depois retorna à situação ótima de trabalho, geralmente sem efeitos desfavoráveis. Ele só começa a causar problemas quando é constante. Em níveis moderados, o stress pode ser positivo no ambiente de trabalho, aumentando o engajamento do profissional, gerando estímulo, motivação, porém com o passar do tempo e/ou em doses elevadas pode ser bastante negativa para o profissional e para a organização. Existe uma relação muito grande e direta entre o nível de produtividade e o stress ocupacional. A produtividade é um indicador de desempenho, sendo um fator determinante da eficiência organizacional e do nível de crescimento de uma empresa. O stress começa a enfraquecer o organismo, ocasionando falha na memória, falta de concentração e de foco nas atividades, dificuldade para dormir e insônia, desânimo, cansaço físico, mental e emocional , mau humor e irritabilidade. Esses são sintomas prejudiciais ao desempenho, produtividade e resultados. Na fase de alerta, a produtividade e a criatividade do indivíduo ainda estão inalteradas; Na fase de resistência ou adaptação, a produtividade e a criatividade no trabalho reduzem, há perda da concentração e da motivação, aumento da irritabilidade, a capacidade laboral altera e ocorrem alguns atestados médicos de poucos dias e o presenteísmo; Na fase de exaustão ou esgotamento, a produtividade e a criatividade caem ainda mais, há grande perda de concentração e motivação, irritabilidade excessiva, incapacidade laboral, absenteísmo e atestados acima de 15 dias. Como consequências dessas disfunções geradas pelo stress poderão ocorrer limitações no gerenciamento de processos, na eficiência e eficácia, ocasionando queda da produtividade do profissional e da organização, além de muitas outras consequências para a saúde do indivíduo e da empresa. Alguns dos resultados profissionais negativos decorrentes do stress: – Queda da produtividade – Ausência no trabalho (aumento do absenteísmo) – Aumento do número de acidentes de trabalho – Atitudes mais autoritárias e agressividade – Conflitos na equipe – Isolamento social – Clima desfavorável É de grande importância saber gerenciar o stress, as emoções e os conflitos para se tornar mais produtivo e motivado e consequentemente ser um profissional mais bem sucedido. O interessante não é que o indivíduo não apresente ou não se exponha a situações estressantes, mas que tenha informações e conhecimentos sobre os sintomas e sinais para que seja possível a imediata identificação de qualquer alteração prejudicial no exercício de suas atividades laborais. E ainda de extrema importância é o indivíduo desenvolver habilidades que o capacitem a lidar melhor com as situações e aumentar as estratégias de enfrentamento. Neste sentido, a redução dos níveis de stress ocupacional gera um aumento nos índices de produtividade e desempenho empresarial, elevando o potencial de competitividade e resultados da empresa. Então, para as empresas comprometidas com os recursos humanos, esse acompanhamento constante dos colaboradores, sejam eles simples operários ou executivos, proprietários/ empresários pode ser uma fonte de ganhos competitivos, é de extrema importância. Muitas empresas já perceberam que investir em qualidade de vida para os colaboradores resulta em maior qualidade de produtos e serviços, e em aumento da produtividade, dos resultados financeiros. Para que seja possível esse aumento de qualidade de vida, que impacta diretamente no clima organizacional, na gestão dos conflitos e em saltos de performance, minha sugestão é a adesão à programas de gestão do stress, que são implementados de acordo com o diagnóstico e com a necessidade de cada empresa. Fonte: Consequências do stress para saúde (Prof. Duílio Antero de Camargo)