Essa é a realidade de MUITO mais da metade das lojas virtuais do Brasil: Operações que não vendem nada ou que vendem menos de 10 pedidos por mês. As que vendem mais do que isso ainda não vendem o suficiente para lucrar de verdade – salvo raras exceções. Se você esperava por um artigo dizendo: Calma! Não se desespere! Temos a solução!… Esqueça! Não é nada disso. Esse artigo é o verdadeiro soco no estômago e vem pra falar a verdade verdadeira: Papai Noel não existe! Assim como essa notícia foi um impacto da verdade na sua infância, a notícia de que Loja Virtual Dá Dinheiro é uma falácia, na sua grande maioria. Aí você pode dizer: Pára… tem muita loja virtual ganhando rios de dinheiro por aí. Não se engane meu caro. Grandes operações, inclusive as MAIORES que você conhece, operam no vermelho desde o início e dificilmente sairão disso. Outras lojas, intermediárias, que conseguem faturar bem, são líderes de segmento, com bom posicionamento no Google, consolidado em tempos em que SEO era um assunto muito mais simples do que é hoje. Também se dá bem quem já tem reputação como loja física e vai para o e-commerce – um caso à parte. Atualmente, montar um e-commerce é o sonho de quem acha que dá pra trabalhar em casa, 4 ou 5 horinhas por dia e vender pro Brasil todo, com margem de 100% de lucro. Se você já acreditou nisso, sinto muito por você. Montar uma operação de e-commerce é mais caro do que você imagina e nem vem com essa de plataforma gratuita… hoje todo mundo sabe que isso non existe (como diria Quevedo). Você contrata um plano free mas tem que usar subdomínio, não pode cadastrar mais do que X produtos ou ter mais do que X acessos, não pode trabalhar um SEO que te dê condições de gerar tráfego orgânico, então… nada feito. Você vai gastar, no mínimo, R$200 só para manter seu site no ar (se ele for pequeno) e isso já significa que, se você vender R$2000 por mês, 10% já estarão comprometidos. Outro ponto que você não pode esquecer são os intermediadores de pagamento… Pagseguro, Wirecard, Paypal, Iugu, etc…. Se você vai trabalhar com algum deles, pode contar que de 1 a 15% da sua venda nem chegarão na sua mão (é justo, afinal, eles estão prestando serviços pra você). Então, dos seus R$2000, pode contar que você só vai ver R$1600. E você pode se perguntar: Por que estou falando de R$2000? Se sua loja é nova e você não tem posicionamento orgânico no Google, pra ter 10 vendas terá que ter cerca de 1000 acessos (ou mais). Para ter 1000 acessos via Adwords (por exemplo), você teria que gastar, minimamente, R$500 em Ads (pode ser um pouco menos ou MUITO mais). Nesse caso, dos seus R$1600, sobram R$1100. Se você for MEI, pode diminuir seu lucro pra uns R$1000 mensais e é com esses R$1000 que você comprou o produto que vai vender, vai pagar água, luz, internet…. E-commerce não é para os fracos, definitivamente. Também não é para os apressados. Não é para quem não gosta de fazer contas. Não é para quem acredita em sonho colorido. Você pode mudar essas contas a vontade… pode simular com 20 pedidos, com 30… pode mudar de R$2000 pra R$4000, pra R$6000 e você ainda vai notar que, colocando na ponta do lápis (da forma certa), não dá pra viver de e-commerce com muita facilidade. Agora vamos lá, vamos ser mais otimistas depois de tanto soco no estômago. Não disse aqui que viver de e-commerce é impossível e que loja virtual não dá dinheiro de jeito nenhum. O que eu disse é que você NÃO DEVE vender seu carro pra montar um e-commerce achando que vai ter um novo emprego ou um novo negócio, lucrativo, com bastante tempo livre e poucas despesas. Você deve ter em mente que um e-commerce é um negócio DIFÍCIL, com muita concorrência, que demora para amadurecer e se tornar lucrativo. Meu conselho é: Seja meticuloso com os números. Tenha em mente que você PRECISA calcular as despesas fixas e variáveis do jeitinho certo… Algumas básicas: Aluguel; IPTU; Seguro; Água; Luz; Telefone; Internet; Créditos de celular ou mensalidade de plano; Contabilidade; Mensalidade de MEI (por exemplo); Embalagens (caixas, plástico bolha, sulfite para impressão dos pedidos…), Custos com plataforma ou servidor (caso você tenha desenvolvido sua loja em plataforma Open Source), Renovação anual de domínio; Renovação de certificado SSL (quando não estiver inclusa na plataforma); Intermediadores de pagamentos (porcentagens); Chargebacks (riscos); Tarifas bancárias; Fretes nas compras dos produtos ou custo de combustível /pedágio para as compras; Impostos; Despesas com trocas ou devoluções (direito de arrependimento); Adwords, Facebook/Instagram e Ads de mídias de modo geral; E deve ter em mente tudo que envolve a operação do seu e-commerce: Fotografias (nem sempre é necessário, mas quando é, tem custo ou dá trabalho); Cadastro de produtos; Controle de estoque; Compras / Contato com fornecedores; Atendimento aos clientes por e-mail, telefone, chat e whatsapp; Empacotamento e remessa; Desenvolvimento de banners para a loja; Criação de imagens/gerenciamento de postagens em mídias sociais; Gerenciamento de Adwords / Face Ads; Criação e disparo de e-mail marketing; Análise de concorrência; Otimização para motores de busca (SEO); Entre outras coisas. Se você tem um e-commerce, deve saber fazer uma boa parte dessas tarefas acima. Se não sabe, precisa contratar uma agência, um freela ou funcionários que saibam fazer isso com excelência (o que custa caro, na maioria das vezes). Muitos (MUITOS) donos de e-commerce não sabem fazer a maioria dessas tarefas e cumprem todas eles no maior estilo Walking Dead. Quero dizer: se arrastando. Cadastram produtos sem a menor noção de SEO (ou com uma noção tão mínima que não é capaz de gerar resultado). Gerenciam as próprias campanhas em Ads sem a menor ideia de como segmentar ou mensurar retorno e perdem MUITO dinheiro nelas. Copiam as estratégias de concorrentes (frete grátis, parcelamento sem juros) sem saber se dá pé e sem imaginar que eles podem estar tomando prejuízo com essas estratégias. Compram listas disso, daquilo e daquilo e outro pra fazer e-mail marketing ou atrair seguidores. CANSAM de pedir conselhos em grupos e CANSAM duas vezes por ver que 90% das suas perguntas são respondidas com PROPAGANDAS onde quem SABE fazer algo está mais interessado em vender o próprio peixe do que ajudar (salvo exceções). E por fim: Caem na mão dos GURUS, que sabem tudo mas que não tem meia dúzia de cases de sucesso REAIS (COM LUCRO PARA O CLIENTE) e gastam, gastam e gastam aquilo que não tem para reacender esperanças. Nenhum guru vai gostar de ler isso, eu sei. A maioria oferece dicas óbvias ou que podem parecer o mapa do tesouro para um iniciante mas que não são o suficiente para leva-lo até o segundo ou terceiro nível. Aproveito para deixar minhas desculpas para os que fazem diferença (mas são muito poucos MESMO e até hoje, não tive o prazer de conhecer nenhum – se eu vier a conhecer e validar as coisas que ele diz, farei questão de vir aqui e atualizar esse artigo). A dica daqui é: Não caia em cilada… Agência BOA é agência que tem case pra mostrar. Não queira ver GRÁFICOS… qualquer um desenha um gráfico falso ou credita a si mesmo um sucesso proveniente de ações advindas de outros trabalhos (e não necessariamente do que fez). Crescimento de 100% nisso ou naquilo pode significar MUITA coisa ou pode significar nada, afinal: crescer de uma venda pra duas vendas já é crescer 100%, não é mesmo? Peça pra falar com os clientes da agência, peça referências, faça uma análise nas mídias sociais pra ver se só tem número de fãs ou se tem INTERAÇÃO na página, simule um pedido pra ter uma ideia de quantas vendas o CASE DE SUCESSO da agência está tendo dentro de um certo período. Aí você resolve que vai fazer tudo sozinho, que vai contratar freela…. Tem mais trabalho pra gerenciar os freelas do que pra aprender a fazer as coisas. Decide que vai aprender tudo: SEO, GERENCIAMENTO DE MIDIAS, GERENCIAMENTO DE ADS, ANALYTICS… Descobre que o máximo que dá é pra ser intermediário nessas coisas, afinal, você não tem TANTO tempo sobrando pra estudar até virar um especialista em todas essas áreas. Quando enfim você APRENDE muito, com tombos, prejuízos, sites que ficam fora do ar, e-mails que nunca vão pra caixa de entrada, freelas que recebem e entregam um serviço péssimo, agências que parecem de ANJOS quando você contrata mas que fazem VERGONHA depois que já estão recebendo, clientes que ameaçam processos, trocas que saem mais caro do que o produto, chargebacks que deixam você a beira de um infarto…. bom, quando chega aí…. você percebe que vender SEU CONHECIMENTO te dá mais lucro do que vender o SEU PRODUTO e você começa a fazer seus freelas ou monta sua agência. Aí começa outro ciclo, outras dores, outras crises… falaremos disso em um próximo artigo. Para concluir, ficam as últimas considerações: Loja virtual vende. Dá pra trabalhar de casa (até certo ponto). Loja virtual dá dinheiro, mas é pra quem tem muito sangue nos olhos, pra quem tem PACIÊNCIA, pra quem tem OUTRA FONTE DE RENDA que possa manter a família até que a loja comece a dar resultados (LUCRO) e isso demora um pouco, quase muito, pra quem aceita correr riscos GRANDES, pra quem gosta MUITO de estudar e aprender coisas novas, pra quem não tem medo de investir o pouco ou muito que tem. Se faltar uma, apenas uma, dessas características pra você, talvez seja melhor repensar. Não caia nesse velho papo dos gurus de que todo mundo pode, que é pra todos, que qualquer pessoa consegue… Se fosse assim não existiria mais NINGUÉM trabalhando feito louco em lojas físicas… todo mundo estaria no e-commerce, faturando rios de dinheiro e rindo de quem trabalha em pé o dia todo. Uma dose de realismo nesse mundo virtual nunca é demais.