A cidade de São Paulo produz, atualmente, aproximadamente 10 mil toneladas de lixo por dia. Isso não seria um problema a maior parte desses resíduos tivesse como destino a reciclagem ou fosse reutilizada de alguma maneira. Este é, na verdade, um problema global gerado pela cultura de consumo rápido, com produtos de vida útil muito curta ou produtos descartáveis. Em uma rápida visita ao supermercado podemos encontrar comida congelada em bandejas de isopor (que demoram 8 anos para decomposição) e produtos pré-prontos que são consumidos em minutos e têm suas embalagens inutilizadas. Alguns itens inclusive chegam a mostrar a hora de descarte como as pilhas com mostrador de carga e escovas de dente com cerdas coloridas que avisam a hora da troca. A falta de uma política de reciclagem ou reaproveitamento colabora com o aumento diário do acúmulo do lixo. O profissional de marketing precisa sensibilizar as empresas sobre a produção responsável dos bens de consumo. 'Se os consumidores jogam o produto fora, os profissionais de marketing precisam saber como eles o fazem, principalmente se isso pode prejudicar o meio ambiente…' . Além da responsabilidade sobre a produção, a iniciativa privada deve se mobilizar para contar com o apoio do poder público tanto na criação de melhores programas de coleta seletiva quanto na divulgação de campanhas para fornecer informações ao consumidor sobre como ser mais responsável no descarte de produtos. Muitas empresas já vêm procurando alternativas para lidar com a questão. Alguns produtos, por exemplo, utilizam sistema de refil para reutilizar a embalagem. O material biodegradável pode substituir os materiais tradicionais como o utilizado nas fraldas para bebês. O Banco Real é uma das empresas que vem trabalhando de forma intensa o tema da sustentabilidade, criando um diferencial interessante na visão, não apenas do cliente, mas de toda a sociedade. O Banco chegou a criar um portal sobre o tema (http://www.bancoreal.com.br/sustentabilidade). Em 2002 o suegiu o programa de ecoeficiência, termo que significa 'produzir mais usando menos recursos naturais'. Com este programa o banco chegou à incrível marca de 98% das agências com coleta seletiva de lixo e criou metas para o destino de resíduos plásticos, papel e lixo. Além disso, o Banco Real também tem um programa voltado para a comunidade que contempla a reciclagem de pilhas e baterias. Mais do que recolher e reciclar este material, o grande trunfo do programa é despertar a comunidade para a questão da importância ambiental. A grande diferença do Banco Real para outras empresas está na comunicação. Apenas para ilustrar, os bancos Itaú e Bradesco é que lideraram o ranking de 2007 de bancos sustentáveis de acordo com a Management & Excellence/Latin Finance (M&E/LF). E o Banco real ocupa apenas quinta colocação 'O conhecimento de técnicas preservacionistas deve ser transmitido à população.' Essa frase, extraída do texto de Frota Júnior (A indústria e o desenvolvimento responsável), embora se refira à utilização de recursos naturais também é adequada o tema do lixo. Ao levar em consideração a avaliação de alternativas durante o processo de compra, apenas o consumidor bem informado perceberá a diferença entre um produto que agride o meio ambiente e outro que não o faça. Neste ponto entra a educação da sociedade, ainda carente de informação sobre as questões de sustentabilidade. Em países como o Brasil o meio ambiente ainda não tem a devida prioridade, e isso se deve em partes pela própria condição de país em desenvolvimento, onde a pobreza e falta de cultura contribuem para o agravamento do problema. A solução para o controle do lixo não é apenas uma responsabilidade das empresas. A sociedade e o poder público também devem estar comprometidos. O papel das empresas privadas não deve ser apenas o de criar programas que lidem com os resíduos de lixo e a mudança de produtos para que sejam menos poluentes, mas também de ter a preocupação em despertar na sociedade a consciência de participação e cobrança. O consumidor deve estar preparado para escolher melhor os produtos de acordo com sua conformidade com o meio ambiente. Para que isso aconteça são necessários programas eficazes de comunicação e educação. Referências bibliográficas Phillip Kotler e Kevin Lane Keller, 'Administração de Marketing – 12a ed', Pearson, p 197. Mônica Maria Siqueira, 'Resíduos Urbanos e os Impactos na Saúde Coletiva no Município de São José do Rio Preto', Dissertação de Mestrado, 2007. Frota Júnior, Jorge Parente. A indústria e o desenvolvimento sustentável.