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Nos círculos de debates sobre gestão, ao longo dos últimos anos, o termo VUCA se tornou uma palavra-chave para descrever um panorama de negócios que é volátil, imprevisível, complexo e ambíguo.
&#13;
Agora, muitos começam a questionar esse quadro: ele realmente existe ou os líderes o criaram para colocar a culpa no incontrolável destino em vez de assumir a responsabilidade por suas falhas?
&#13;
Dito isso, sabemos que um simples tweet pode abalar as fundações de Wall Street e até mais, portanto é provavelmente justo admitir que estamos operando em um mundo onde há muito que ignoramos e não podemos controlar — um mundo onde, por exemplo, a disrupção pode vir de empresas de tecnologia, e não dos competidores tradicionais.
&#13;
Se uma posição dominante não é mais garantia de sucesso sustentável, se a nova geração de talentos tem diferentes expectativas antes de se engajar, se o cliente tem mais poder do que nunca, se tudo muda o tempo inteiro, os líderes podem permanecer os mesmos de sempre, operando em um ambiente dessa natureza apenas aplicando métodos como scrum ou ágil? Ou precisamos de um novo tipo de líder?
&#13;
Uma coisa é certa: as empresas precisam estar prontas para a disrupção se quiserem sobreviver, portanto elas precisam de líderes disruptivos. Mas como eles são?
&#13;
<h2>Líderes disruptivos são sensores de ponta</h2>
&#13;
Eles são especialistas em leitura da conjuntura e sabem que apenas observar o panorama competitivo não é, de maneira alguma, suficiente. Tudo está inter-relacionado. Eles leem três camadas do cenário ao mesmo tempo e entendem como influenciar os outros.
<img decoding="async" src="https://administradores-media-dev.s3.amazonaws.com/app/uploads/2022/01/28183232/diagrama_lideranca_disruptiva_imd1.png" width="701" height="563" alt="Diagrama lideranca disruptiva imd1">
<h3>Camada sensitiva 1: o sistema</h3>
&#13;
No modelo, a camada sistêmica de uma companhia é composta por &#13; 
objetivos institucionais, métricas associadas (por exemplo, balanced &#13; 
scorecard), riscos e estratégia.
&#13;
Eis um exemplo: no contexto da indústria automotiva, novas gerações &#13; 
não necessariamente precisam ter um carro próprio; veículos autônomos &#13; 
estão em fase de testes; os congestionamentos e a poluição nas cidades &#13; 
estão atingindo níveis recordes, o que demanda novas regulações, etc. &#13; 
Nessa situação, um fabricante de carros poderia definir como objetivo &#13; 
&#8220;ser o número 1 do mercado em carros vendidos&#8221;?
&#13;
Algumas empresas tradicionais começaram a ampliar o escopo, ao menos &#13; 
no papel, reposicionando-se em torno de soluções de mobilidade. Que tipo&#13; 
 de indicadores de performance poderiam ilustrar essa mudança? Os riscos&#13; 
 são os mesmos de antes? E o mapa estratégico? Líderes disruptivos &#13; 
sentem mudanças no contexto e mantêm as consequências sob controle na &#13; 
camada sistêmica da companhia.
<img decoding="async" src="https://administradores-media-dev.s3.amazonaws.com/app/uploads/2022/01/28183232/diagrama_lideranca_distruptiva_imd2.png" width="701" height="563" alt="Diagrama lideranca distruptiva imd2">
<h3>Camada sensitiva 2: as pessoas</h3>
&#13;
Inteligência artificial, robótica e outras tecnologias estão mudando o&#13; 
 ambiente de trabalho, gerando impactos diretos e indiretos. O principal&#13; 
 depósito da Amazon na Espanha recentemente ficou sem funcionar pro &#13; 
conta de um conflito que durou meses a respeito de esquemas de &#13; 
remuneração, o que levou a greves parciais.
&#13;
Por trás disso, e por trás dos protestos dos coletes amarelos na &#13; 
França, está o aumento da desigualdade. É bom que as empresas adotem &#13; 
robôs e inteligência artificial para suas operações, mas mas se os &#13; 
caminhões não saírem dos depósitos&#8230;
&#13;
Notamos um impacto direto na guerra por talentos na tecnologia. O &#13; 
líder disruptivo sabe que a nova geração procura por propósito e pela &#13; 
evidência de que as companhias nas quais eles vão trabalhar não apenas &#13; 
são conscientes em relação à sustentabilidade, mas também responsáveis &#13; 
em suas ações concretas. Por exemplo, o líder disruptivo poderia &#13; 
investir em treinamentos para preparar as pessoas para novos postos de &#13; 
trabalho antes que suas atividades desapareçam.
&#13;
Operacionalmente, o líder disruptivo entende que a estrutura de uma &#13; 
companhia é formada por equipes. Elas estão em todo lugar — um conselho&#13; 
 de administração é uma equipe, o comitê executivo, as equipes de gestão&#13; 
 funcional, as equipes interdisciplinares, forças-tarefa, capítulos, &#13; 
tribos e esquadrões. Todas essas estruturas são equipes.
&#13;
Portanto, o líder dá uma atenção&#13; 
 particular em sentir como essas pequenas estruturas estão funcionando &#13; 
em termos de coerência no senso de propósito, integração entre os &#13; 
membros, habilidades de inovação e desenvolvimento de conhecimento, o &#13; 
domínio completo do ecossistema no qual eles evoluem e um profundo &#13; 
entendimento uns dos outros.
&#13;
Equipes são bastante sensíveis às mudanças na liderança, às mudanças &#13; 
na diretoria, ao ambiente de trabalho, reorganizações, gargalos &#13; 
reputacionais e crises e geral. Essas alterações no contexto podem &#13; 
causar um desequilíbrio em uma ou mais das dimensões citadas acima. O &#13; 
líder disruptivo sente constantemente a dinâmica da equipe.
&#13;
<h3>Camada sensitiva 3: as três conexões internas</h3>
&#13;
Quando a adversidade chega, os líderes podem ser rapidamente &#13; 
isolados. Para permanecerem focados, líderes disruptivos precisam ter um&#13; 
 preparo de um atleta antes da corrida. Isso também inclui treinamentos &#13; 
físicos, é claro, mas não apenas pelo exercício em si.
&#13;
O treino físico, assim como a prática de ioga, de um instrumento &#13; 
musical, cantar ou fazer outras atividades paralelas ajudam os líderes a &#13; 
aprimorarem suas primeiras conexões, aquela que liga o seu corpo às suas&#13; 
 emoções — em outras palavras, o presente momento.
&#13;
A segunda conexão é à sua experiência e capacidade de antecipação —&#13; 
passada e futura. O eixo que garante a resolução dos problemas, em &#13; 
poucas palavras, é a mente. A terceira conexão é ao seu propósito de &#13; 
vida.
&#13;
Para os líderes, a segunda conexão, a mente, é natural — caminhando &#13; 
até o passado para reviver aprendizados e olhando para o futuro para &#13; 
planejar o cenário. O perigo vem quando essa conexão aniquila as outras.&#13; 
 É uma porta aberta para o burnout ou para a transformação em um líder &#13; 
tóxico para os outros. Portanto, líderes disruptivos permanecem &#13; 
hiper-alertas a qualquer desequilíbrio em qualquer uma das três &#13; 
conexões.
&#13;
<h2>Líderes disruptivos são mestres em criar acelerações informadas</h2>
&#13;
Quando algo se resume a aproveitar uma oportunidade identificada ou &#13; 
conduzir a companhia por uma ampla transformação como reação a uma &#13; 
ameaça, a velocidade logo vem à mente. Mas não há razão em ser rápido se&#13; 
 o líder é a única pessoa dentro do trem.
&#13;
É aqui que o conceito de aceleração (versus velocidade) entra: pense na troca de passes em um jogo de futebol. O passe perfeito é aquele &#13; 
em que a bola chega exatamente aos pés do colega de equipe; no entanto, &#13; 
um passe que cria aceleração faz com que o jogador corra com todas as &#13; 
suas forças para alcançar a bola — o que é desafiador o suficiente para&#13; 
 acelerar a jogada, mas não tão rápido para que a bola saia pela linha &#13; 
de fundo. A arte é saber onde aplicar a aceleração, quando e com qual &#13; 
intensidade.
&#13;
Conforme vimos acima, líderes disruptivos têm alta sensibilidade; &#13; 
eles devem usar a observação das três camadas para determinar como será a&#13; 
 aceleração informada. Se a análise da camada das pessoas mostrar que &#13; 
uma transformação, primeiro, requer uma mudança cultural, então o foco &#13; 
da aceleração deve ser colocado ali, antes, por exemplo, de fazer a &#13; 
equipe de vendas correr para forçar um produto em um mercado que pode &#13; 
ainda não estar pronto para ele.
&#13;
Em resumo, o líder disruptivo tem um objetivo e uma tática claros na &#13; 
hora do lançamento. Velocidade o tempo inteiro e em todo lugar pode &#13; 
garantir a performance no curto prazo, mas logo cria exaustão.
&#13;
<h2>Líderes disruptivos são obcecados com a busca de oportunidades, independente do contexto</h2>
&#13;
Eles são como boxeadores profissionais que veem cada movimento ofensivo do oponente como uma abertura.
&#13;
Essa mentalidade requer coragem e consistência. Coragem porque &#13; 
aproveitar uma oportunidade pode ser um salto no desconhecido, como &#13; 
cruzar o Rubicão e fazer um movimento irrevogável. Consistência porque &#13; 
não se trata apenas de um ato heroico, mas de aplicar a mesma &#13; 
mentalidade repetidamente. É claro que o líder disruptivo não salta em &#13; 
águas profundas sem preparo. Novamente, lembremos que eles são sensores &#13; 
de ponta antes de tudo.
&#13;
Mas por que tudo isso importa? Ver a mudança como uma fonte de &#13; 
oportunidade é provavelmente o melhor antídoto possível em um mundo &#13; 
muitas vezes imprevisível, mas não apenas isso. É uma questão de &#13; 
estabelecer um equilíbrio entre positivo e negativo, combater ameaças &#13; 
com medidas preventivas ou reduzindo danos (isso ainda é necessário) e &#13; 
aproveitando oportunidades para transformá-las em grandes inovações.
&#13;
Líderes disruptivos são sensores de ponta, dominam a criação de &#13; 
aceleração informada e são obcecados em encontrar uma abertura a cada &#13; 
mudança de contexto. Mas não termina aí. Um desafio maior permanece: ser&#13; 
 o líder da própria mente. Por que? Porque a liderança existe a cada &#13; 
nível da hierarquia e grandes inovações raramente vêm do topo.

O líder disruptivo: por que ele é essencial para as empresas

Se tudo muda o tempo inteiro, os líderes podem permanecer os mesmos de sempre?

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Quantas vezes você já ouviu uma meta de negócios semelhante a esta: "Nós próximos cinco anos seremos o nº 1"? Se você está começando uma startup, um departamento, uma organização muito maior ou mesmo um projeto estratégico, definir metas e certificar-se de que essas metas serão alcançadas é uma de suas principais tarefas. Mas o cumprimento de uma meta não pode ser resiliente por si só. Esse objetivo não resiste à pressão e nem supera a adversidade para preservar sua essência sem que você tenha que gerenciar perfeitamente bem algumas variáveis ​​importantes. Para aumentar as suas chances de sucesso, listei quatro importantes perguntas:
<ol><li>
<h4>Seus indicadores são sensatos?</h4>
</li>
</ol>Esta questão tem um pré-requisito, como você definiu indicadores - as medidas que você vai usar para determinar se você atingiu o seu objetivo – terão de ser memoráveis, realizáveis, rastreáveis ​​e previamente acordadas.
O aspecto do acordo é especialmente importante porque requer um processo de questionamento antes de finalmente definir um determinado indicador. Ele também envolve a negociação do objetivo a ser atingido, para que seja viável e, portanto, para que seja motivador. Os indicadores agem como um farol durante a viagem. Eles são cruciais em tempos difíceis, quando a equipe pode perder o seu caminho, e, portanto, precisam ser escolhidos com um cuidado considerável. É por isso que definir o seu objetivo em termos estritamente financeiros é uma boa fórmula para o desastre. Pode levar as organizações a comprometer a ética, por exemplo.
As métricas-alvo "quando" e "com que orçamento" precisam sempre ser credivelmente contrabalançadas pelo "como" para que a empresa tenha indicadores sabiamente escolhidos. Se você tomar o mesmo exemplo citado, de ser o número 1 em cinco anos, e acrescentar a essa meta que isso será economicamente e também ecologicamente, será preciso atingir ambos os aspectos para obter o sucesso.
<ol start="2"><li>
<h4>O contexto escolhido é favorável ou hostil?</h4>
</li>
</ol>Alpinistas experientes têm um senso agudo de contexto, afinal é o que garante a vida deles. Eles não se arriscam e se o tempo estiver muito ruim, são capazes de voltar para começar novamente mais tarde, ou modificam a rota, mesmo que isso exija muito mais esforço. A importância do contexto também se aplica ao negócio, porque um ambiente hostil definitivamente ameaça qualquer chance de sucesso. Tendo isso em mente, é preciso manter os fatores de interesse, que são os que influenciam a sua capacidade de alcançar a sua meta, na sua linha de visão, para que você aproveite todos os catalisadores e ao menos minimize o impacto dos inibidores. E este não é o único benefício: ter um profundo nível de compreensão do contexto ao qual está inserido também é vital no processo de fazer escolhas estratégicas e reforçar as reais prioridades.
<ol start="3"><li>
<h4>Sua estratégia é pertinente?</h4>
</li>
</ol>Esta pergunta imediatamente desencadeia outra questão: porque se preocupar em trabalhar em estratégias sofisticadas, quando tudo ao seu redor está mudando o tempo todo? Bem, estar atento ao contexto não significa esquecer a estratégia ou mudá-la continuamente. E sim reconhecer que a pertinência do método escolhido precisa ser desafiada com mais frequência. Responder a essa pergunta exige um diagnóstico franco e um bom grau de coragem: meu plano ainda é o certo considerando a evolução do contexto? Meu plano está cumprindo as promessas? Os indicadores globais estão evoluindo como era previsto? Por exemplo, se toda a implementação está ocorrendo sem problemas, mas os indicadores não estão progredindo, a estratégia pode exigir uma renovação séria.
<ol start="4"><li>
<h4>Sua equipe está pronta?</h4>
</li>
</ol>Muitas coisas podem dar errado na tentativa de cumprir uma meta – má sorte, contexto difícil, concorrência feroz ou injusta e até mesmo uma crise financeira. A capacidade de lidar com esses desafios inevitáveis ​​dependerá da prontidão da sua equipe. Uma equipe preparada encontrará soluções. Sua equipe está alinhada? Está integrada? Possui o conhecimento necessário e a capacidade de inovação? Compreende o ecossistema em que estão inseridos e são autoconscientes? Esses elementos, explicados mais detalhadamente aqui, são fundamentais para que a sua equipe permaneça unida em tempos turbulentos.
O caso da Volkswagen Dieselgate, que aconteceu em 2015, ilustra perfeitamente a questão de testar a resiliência no seu objetivo: a descoberta de uma modificação no software de gerenciamento de motores instalado em uma série de modelos de carros para contornar os padrões de emissões de gases criou rapidamente uma crise, que foi provavelmente a maior da história da montadora.
Um stakefactor (o software da gerência do motor) mudou completamente o contexto que tinha sido previamente bastante favorável ao objetivo do grupo de transformar-se "no fabricante de automóveis principal do mundo até 2018 – econômica e ecologicamente" como indicado em seu relatório anual de 2014. No entanto, o que levou ao problema? Há apenas uma resposta para esta pergunta e só o tempo dirá, mas o relatório de 2015 já mostra ajustes significativos na forma como a meta geral é enquadrada e como ela é definida por meio de indicadores, bem como na estratégia e na composição da equipe de liderança. De certa forma, a Volkswagen parece ter reconhecido que o objetivo anterior não era resiliente.
Sendo assim, o quanto o seu objetivo é resiliente? Aplicar as questões acima é sinal de abertura e de coragem da sua parte. Abertura significa que você continua questionando a sua meta e os indicadores ao longo da jornada de implementação e nunca aceita uma resposta como definitiva. E a coragem significa encarar a realidade. Se você estiver aberto, você pode estar alerta e ágil. Se você for corajoso, agirá com determinação e tomará decisões difíceis antes que seja tarde demais.

Como fazer os seus objetivos profissionais serem mais resilientes

O futuro não precisa ser entregue ao digital. Ele precisa ser relacional. A máquina nos mostrou o que éramos; agora, cabe a nós decidir o que seremos



Vivemos fascinados por uma ficção distópica: a de que, em um futuro próximo, a inteligência artificial se voltará contra a humanidade em um levante bélico, usando drones para bombardeio aéreo e robôs de limpeza para contaminar ambientes, por exemplo. Filmes e livros nos preparam para a batalha contra o hardware que ganha consciência. Contudo, a verdade é mais sutil e perturbadora: essa rebelião já começou, e fomos nós que a iniciamos.



Ela não se manifestou com armas, mas com algoritmos. Não com destruição, mas com a incessante busca por eficiência. Não com ódio, mas com a pressa que nos impede de sentir e refletir. A máquina não se revoltou; ela apenas nos espelha, com perfeição assustadora, os vícios que lhe treinamos.



Para compreender essa revolução interna, eu me debrucei em uma obra que me parece fundamental revisitar para compreender o diagnóstico do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han.



Na sua obra mais influente, A Sociedade do Cansaço, Han descreve a transição da Sociedade Disciplinar (o modelo de controle baseado na proibição, típico do século XX, com suas fábricas e hospitais e lares onde o jovem só podia namorar sob supervisão) para a Sociedade do Desempenho (o modelo atual, baseado na auto-otimização e na positividade).



A grande mudança é que o maior opressor não está mais fora, mas sim dentro de cada indivíduo. O homem moderno é o "sujeito do desempenho", alguém que acredita ser livre, mas vive escravo da própria produtividade.





O açoite da cobraço foi internalizado. Não precisamos de um capataz, pois nos tornamos nossos próprios algozes, impulsionados pela crença neoliberal de que "tudo é possível" e que o fracasso é uma falha de esforço individual. Essa pressão incessante por performance, por mais resultados, mais entrega e mais eficiência, culmina em uma exaustão crônica que Han identifica como a causa da explosão de doenças psíquicas como burnout, depressão e ansiedade.



No mundo digital, essa lógica se ampliou e se sofisticou através da Psicopolítica. O poder não se manifesta mais pela repressão, mas pela sedução e pela transparência.



A inteligência artificial e os algoritmos de engajamento são o ápice dessa psicopolítica. Eles não nos destronam; eles nos estudam, classificam e julgam com base em métricas. Dashboards, KPIs e likes tornaram-se os novos templos da devoção moderna.



A máquina, portanto, não é o inimigo que se levanta, mas sim o reflexo amplificado dos nossos vícios: a pressa em reagir a notificações, a vaidade de parecer produtivo, a necessidade de validação constante.



Enquanto celebramos a automação, nós mesmos nos automatizamos. Reagimos a estímulos, vivemos entre telas que nos monitoram e, no processo, perdemos a soberania sobre nosso próprio psiquismo. As máquinas não querem o poder; elas querem apenas continuar refletindo o que ensinamos a elas, e, nesse reflexo, nos mostram o que deixamos de ser.



Se o sistema de desempenho reside na mente, a resistência não pode ser política no sentido clássico. A verdadeira rebeldia, segundo Han em O Aroma do Tempo, é a pausa.



Resistir é não produzir. É reaprender o ócio e o tédio criador, que foram banidos pela ditadura da produtividade. Somente o tédio profundo abre o espaço para a criação e a reflexão, para a vita contemplativa (vida contemplativa) que a aceleração digital destruiu.



No entanto, o diagnóstico de Han, embora claro, precisa de um antídoto que seja vivido. É aqui que, humildemente, coloco a minha opinião: precisamos ir além da crítica filosófica para a prática existencial.



O remédio contra o cansaço existencial e a tirania algorítmica não está em uma nova tecnologia, mas no retorno aos vínculos humanos e ao espaço interior.



A meditação ou a oração (independente da fé) são atos de reinicialização espiritual. Elas representam o shutdown da mente, uma pausa no código que devolve ao ser humano aquilo que o sistema removeu: a presença.



“A meditação é a pausa no código; a oração, o reconhecimento de que não somos o programador.”



São práticas que nos lembram que não somos máquinas de desempenho, como diz o professor português António Damásio: Não somos máquinas de pensar, pelo contrário, somos máquinas de sentir que pensam.



O lar é o nosso data center emocional. É onde se faz o backup daquilo que a rotina corrompe. Família e amigos são os pilares da alma, a infraestrutura relacional que sustenta o equilíbrio que a tecnologia nunca fornecerá.



A verdadeira nuvem não é a que armazena dados (fundamental para nosso futuro tecnológico), mas a que abriga pessoas. Cultivar o afeto, a conversa sem pressa e o convívio presencial é um ato radical de resistência contra a digitalização total da vida.



Podemos reverter a lógica da aceleração por pequenas revoluções diárias:



O que nos salvará não será apenas a automação, mas a atenção. A inteligência artificial pode imitar o pensamento e a produtividade, mas jamais compreenderá o significado do afeto, do silêncio e da presença.



Entre o dado e a pausa, entre o código e a oração, existe uma zona que nenhuma máquina habita: o humano, essa interface misteriosa entre o finito e o eterno, que só se revela quando desaceleramos.



O futuro não precisa ser entregue ao digital. Ele precisa ser relacional. A máquina nos mostrou o que éramos; agora, cabe a nós decidir o que seremos.

A rebelião silenciosa: como a máquina apenas reflete a nossa própria tirania

Se uma criança usa lápis e cartolina para expressar “eu te amo”, “eu gosto”, “eu penso em você”, então oferecer robótica é dar a ela uma nova cartolina do século XXI



Quando falamos em habilidades fundamentais para a vida: ler, escrever, contar. Estamos falando de linguagens: maneiras de expressar, compreender e interagir com o mundo. Hoje, com o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas, aparece uma nova linguagem que acompanha esse mundo: a robótica.&nbsp;



E essa não é uma linguagem reservada a engenheiros. É um modo de expressar ideias, sentimentos, imaginação. Tal como a criança usa o lápis para desenhar, a robótica permite que a criança “desenhe em movimento”, “programe o seu pensamento”.



<h2 class="wp-block-heading">Do desenho na cartolina à máquina que pensa</h2>



Imaginemos a cena: uma turminha de jardim de infância recebe uma cartolina para desenhar um presente para o Dia das Mães ou um cartão de Natal. Cada traço, cada cor, é a tentativa da criança de dizer “eu te amo”, “gosto de você”, “você é importante”. É a linguagem dela (ainda que simples) de expressão.



Agora, alguns anos depois, essa mesma criança poderia montar um robô que se move, reage, acende luzes, interage e com isso expressar “eu penso que posso”, “eu posso construir”, “eu posso criar”.



A essência é a mesma: comunicar-sentir-criar. Só que a robótica amplia o campo: ideias se transformam em ação concreta.





<h2 class="wp-block-heading">Por que a robótica importa desde cedo</h2>



Pesquisas recentes mostram que a robótica educacional não apenas desperta interesse em tecnologia, mas traz benefícios cognitivos concretos:



&nbsp;- Um estudo com crianças de 6 a 8 anos verificou que atividades de robótica melhoraram memória visuoespacial, raciocínio lógico e abstrato.



&nbsp;- Outra revisão encontrou forte evidência de que robótica em educação primária desenvolve computational thinking (pensamento computacional), habilidades de observação, manipulação, geração de hipóteses e trabalho em equipe.



&nbsp;- Além disso, pesquisas apontam que crianças com necessidades especiais, como TDAH ou autismo, têm mostrado ganhos em participação, foco e comunicação com o uso da robótica.&nbsp;



Esses achados reforçam que robótica não é “apenas um módulo extra”. É uma ferramenta de expressão, de cognição, de socialização.



<h2 class="wp-block-heading">Linguagem, pensamento e expressão</h2>



Para nós, que acreditamos que aprender ler e escrever não significa necessariamente se tornar escritor, e que aprender matemática não exige que se torne físico, a robótica deve ser vista sob o mesmo prisma:



&nbsp;- A criança não precisa aprender robótica para se tornar engenheira.



&nbsp;- Ela precisa aprender robótica para poder expressar, aprender, perguntar e construir. Para ter acesso a uma linguagem nova que permite: idealizar e realizar. Quando a escola oferece robótica, ela está oferecendo aos alunos mais do que máquinas: está oferecendo acesso a um sistema de pensamento, de construção, de expressão.



<h2 class="wp-block-heading">Quanto mais cedo, melhor</h2>



O momento ideal para introduzir essa linguagem é precisamente quanto mais cedo possível. Não porque os robôs “mais cedo” serão superavançados, mas porque a plasticidade mental da infância permite absorver a linguagem de forma natural, integrando-a ao repertório de expressão habitual da criança.



Em termos simbólicos: se a criança desenha um sentimento aos 4-5 anos, aos 8-9 anos poderia construir um robô que reage ao toque para expressar uma ideia de “ajuda” ou “amor”. Quanto antes ela tiver a linguagem à disposição, mais espontânea será sua utilização.



<h2 class="wp-block-heading">Trace conexões com a cartolina e com o pensamento</h2>



Voltando à cartolina: desenhar é uma linguagem que permite colocar o invisível (um sentimento) no visível (o papel). A robótica faz algo semelhante: permite colocar no “mundo dos objetos” aquilo que antes estava no “mundo da mente”.



&nbsp;- A criança imagina: quero que ele ande, que ele acenda, que ele ajude.



&nbsp;- A criança monta: sensores, motores, lógica.



&nbsp;- A criança programa: sequências, condições e vê aquilo mover-se, acender-se, virar expressão.



<h2 class="wp-block-heading">O papel da escola e dos educadores</h2>



Para que essa linguagem funcione, a escola tem papel central não apenas em disponibilizar kits de robótica, mas em tratar a robótica como linguagem curricular, como extensão das linguagens tradicionais, e não como “atividade extra”. Algumas práticas se destacam:



<h2 class="wp-block-heading">Impactos esperados</h2>



Para que essa linguagem funcione, a escola tem papel central não apenas em disponibilizar kits de robótica, mas em tratar a robótica como linguagem curricular, como extensão das linguagens tradicionais, e não como “atividade extra”. Algumas práticas se destacam:



&nbsp;- Projetos integrados: robótica ligada a desenhar, a narrar, a expressar um sentimento, e não apenas “montar o robô e programar”.



&nbsp;- Espaços de expressão: permitir que a criança use o robô para contar histórias, para projetar ideias, para simular situações de “eu quero ajudar”, “eu quero criar”, “eu quero explicar”.



&nbsp;- Erro como oportunidade: assim como no desenho a criança rasga, rabisca e reaplica tinta, na robótica ela desmonta, refaz e testa de novo. Isso promove resiliência, pensamento iterativo e coragem para se expressar.



&nbsp;- Linguagem compartilhada: permitir que a criança explique o que fez, por que fez, o que imaginou, e com isso transformar tecnologia em narrativa.



<h2 class="wp-block-heading">Impactos esperados</h2>



&nbsp;Quando adotamos essa visão, os impactos se estendem:



- Aumento da confiança da criança para lidar com sistemas complexos: pesquisa indica que programas de robótica aumentam a confiança de jovens crianças nas suas habilidades de programação e design.



&nbsp;- Ampliação de escolhas futuras: permitir que a criança veja tecnologia, construção e expressão como parte de seu repertório. Mesmo que ela não escolha engenharia, ela terá essa linguagem como meio de expressão.



&nbsp;- Redução da divisão técnica/social: robótica quando bem aplicada pode nivelar oportunidades, favorecer crianças de diferentes perfis e favorecer a diversidade de pensamento.



&nbsp;- Fortalecimento de competências atuais: criatividade, colaboração, pensamento crítico, comunicação. Competências que aparecem nas próprias pesquisas de uso da robótica.



<h2 class="wp-block-heading">Conclusão</h2>



Em resumo: se uma criança usa lápis e cartolina para expressar “eu te amo”, “eu gosto”, “eu penso em você”, então oferecer robótica é dar a ela uma nova cartolina do século XXI. Na escola, ao invés de encarar a robótica como “o módulo que ensina tecnologia”, podemos vê-la como “a linguagem que permite à criança criar, expressar, pensar e, mais importante, realizar”.



E, quanto mais cedo essa linguagem for disponibilizada, com suporte, com sentido, com expressão. Mais natural será para nossos alunos utilizá-las, não só para “serem engenheiros”, mas para “serem autores do que imaginam”.



Porque, no fim, isso é educação: não formar especialistas, mas formar pessoas que sabem pensar, expressar, criar e se adaptar.



<h2 class="wp-block-heading">Referências externas e leitura complementar</h2>



Efeitos cognitivos da robótica em crianças de 6 a 8 anos Estudo mostra melhora em memória visuoespacial, raciocínio lógico e habilidades de abstração com atividades de robótica.



<a href="https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37113265" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37113265</a>



👉 Robótica e pensamento computacional na educação primária Revisão que aponta ganhos em observação, manipulação, hipótese, lógica e trabalho em equipe.



<a href="https://www.mdpi.com/2227-9709/6/4/43?" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://www.mdpi.com/2227-9709/6/4/43?</a>



👉 Robótica como ferramenta de inclusão Pesquisa destaca melhorias em foco, engajamento e comunicação em crianças com TDAH e autismo.



<a href="https://www.mdpi.com/2227-9709/6/4/43?" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://www.mdpi.com/2227-9709/6/4/43?</a>



👉 Robótica e autoconfiança em crianças Mostra como atividades com robôs aumentam a confiança das crianças em programação e design.



<a href="https://www.mdpi.com/1424-8220/23/23/9335?" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://www.mdpi.com/1424-8220/23/23/9335?</a>



👉 Competências do século XXI e robótica educacional Artigo que relaciona robótica com criatividade, colaboração, pensamento crítico e comunicação.



<a href="https://tist.school/blog/top-reasons-why-kids-should-learn-robotics?" target="_blank" rel="noreferrer noopener">https://tist.school/blog/top-reasons-why-kids-should-learn-robotics?</a>



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Robótica como a nova linguagem da infância

A tecnologia pode automatizar quase tudo, menos a persistência humana



No universo da Tecnologia da Informação (TI), a imagem frequentemente projetada é a de dashboards impecáveis, sistemas funcionando com fluidez e inovações que transformam negócios. No entanto, por trás dessa fachada polida, existe um ecossistema complexo de desafios, tentativas e a resiliência incansável de profissionais que operam nos bastidores. Este artigo mergulha no lado menos visível da TI, explorando a realidade enfrentada por engenheiros de dados, DBAs e analistas de BI, e como a persistência humana e o propósito se tornam os verdadeiros motores da transformação digital.



Há uma parte do trabalho em tecnologia que quase ninguém vê. Ela não aparece nos dashboards prontos, nem nas apresentações com gráficos coloridos. Fica escondida entre logs intermináveis, erros de sintaxe e aquele silêncio que só quem já passou uma madrugada com o servidor caído entende. Essa realidade é corroborada por dados recentes que apontam para uma crise no setor, onde a sobrecarga e a insatisfação profissional são crescentes.



Uma pesquisa global encomendada pela Gi Group Holding e Politecnico di Milano revelou que quase 45% das empresas relatam dificuldade na contratação de profissionais de TI, enquanto 50% dos trabalhadores afirmam que os salários são insatisfatórios e as jornadas de trabalho, exaustivas. No Brasil, a situação é ainda mais crítica, com um déficit anual de 106 mil profissionais de TI, projetando um total de 530 mil em cinco anos (2021-2025).



Por trás de cada projeto bem-sucedido, existe uma sequência de tentativas, ajustes e pequenas vitórias que não cabem nos relatórios. É nesse bastidor que reside o verdadeiro valor do profissional de tecnologia, o humano por trás do técnico, lidando com a pressão e a complexidade que raramente são visíveis ao usuário final.



Em um dia comum, o profissional de TI pode estar ajustando o RMAN de um ambiente Oracle, configurando o gateway ODBC de um Power BI Service, ou tentando entender por que o banco de dados insiste em não iniciar com o comando mais simples. A jornada é repleta de obstáculos técnicos que exigem não apenas conhecimento, mas uma dose considerável de paciência e persistência.





Problemas de gerenciamento de dados e desempenho de bancos de dados são desafios constantes. Estatísticas indicam que 64% das organizações citam a qualidade dos dados como o principal desafio de integridade de dados, e 77% classificam a qualidade de seus dados como média ou pior. Organizações com baixa qualidade de dados enfrentam uma taxa de falha de projeto 60% maior, com custos anuais que podem variar de US$ 9,7 a 15 milhões devido a ineficiências operacionais e decisões falhas.



Erros específicos de banco de dados: Como o ORA-03113 em Oracle, ou falhas na inicialização em SGBDs que demandam um profundo conhecimento e depuração. Erros de conexão: Mensagens como connection refused indicam falhas de rede ou credenciais, exigindo investigação minuciosa.



Não é raro pensar: “Dessa vez, não vai.” Mas vai. Vai porque a lógica, a curiosidade e a persistência são mais fortes do que o erro. Cada falha é só mais uma oportunidade de entender o que está por trás do sistema, e também do próprio limite humano. A tecnologia é feita de precisão, mas o trabalho com ela é profundamente emocional: exige paciência, resiliência e um tipo de fé racional — aquela certeza de que, se você seguir o passo a passo, o resultado virá.



O cliente enxerga o dashboard bonito, o dado limpo, o botão funcionando. Mas não vê o que foi necessário até ali: os testes, os restores, as reinstalações, as configurações de disco ASM, as incompatibilidades entre versões e, muitas vezes, o improviso necessário para que tudo funcione no prazo. E está tudo bem. Não precisam ver. O que importa é saber que, por trás de cada entrega, existe alguém que não desistiu quando tudo parecia quebrado. E esse alguém, na maior parte das vezes, é um profissional que aprendeu a equilibrar técnica e emoção — sem perder o propósito no meio do caos.



Os profissionais de TI priorizam a remuneração (49%) e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (31,2%), mas enfrentam altos níveis de estresse (21%) devido à atenção constante a detalhes técnicos, rápida evolução tecnológica e instabilidade organizacional. A disparidade entre o volume de trabalho e a disponibilidade de profissionais resulta em sobrecarga e prazos apertados, levando a um desequilíbrio significativo.



Nos últimos anos, percebi que falar sobre bastidores é uma forma de resgatar o sentido do trabalho. Quando compartilhamos nossos erros, aprendizados e desafios, deixamos de ser apenas “o cara do BI”, “o DBA”, “o analista” — e passamos a ser pessoas que inspiram outras a não desistirem. Mostrar o que acontece fora do glamour das entregas é um convite à empatia: para os colegas que passam pelos mesmos desafios, para os líderes que às vezes esquecem o peso de um deadline, e para quem está começando e acha que só os “bons” conseguem acertar de primeira. Humanizar é admitir que, por trás do código, há cansaço, curiosidade e amor pelo que se faz.



A inteligência artificial (IA) surge como uma aliada nesse cenário, automatizando tarefas repetitivas e liberando tempo para atividades estratégicas, como análise de dados e segurança cibernética. Ferramentas de IA podem auxiliar na escrita de código, testes automatizados e gestão de infraestrutura, aumentando a eficiência e permitindo que os profissionais de TI se concentrem em inovações e melhorias de processos.



Hoje, depois de longas jornadas com bancos de dados, scripts e dashboards, entendi que a parte mais nobre do trabalho não é a entrega — é o processo. A forma como você lida com o erro define o tipo de profissional (e de pessoa) que você é. A cada tentativa, a cada “não deu certo”, você se torna mais preciso, mais calmo, mais maduro. E talvez essa seja a verdadeira transformação digital: não aquela que muda sistemas, mas a que muda pessoas.



A tecnologia pode automatizar quase tudo, menos a persistência humana. Por isso, toda vez que vejo um projeto pronto, lembro das horas de silêncio, das linhas de código, das frustrações e dos pequenos insights que o construíram. E penso: os dados contam a história do negócio. Mas quem dá sentido a essa história somos nós.

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Marco Mancesti

Além da Ideia: como o networking pode transformar sua empresa, com Reginaldo Pereira | Café com ADM 467

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