Além de gerenciar equipes, uma importante função de um líder é inspirar as pessoas. A inspiração é uma forma de estímulo que pode ser utilizada com inteligência por gerentes de qualquer organização. Jesus, Moisés e Gandhi foram mestres na comunicação junto aos seus seguidores, pois alteraram os seus estados emocionais, motivaram grupos e deram-lhes direção em momentos turbulentos por meio de palavras, imagens e tons de voz inspiradores. O desafio dos líderes sempre foi neutralizar a apatia, a indiferença e a desmotivação de grupos e comunidades através da comunicação motivadora. Nas corporações atuais há carência de 'gestores inspirados'; boa parte deles trabalha a gestão de pessoas no 'piloto automático'. A Segunda Guerra Mundial tornou conhecida a fotografia na qual o líder Winston Churchill exibe, com seus dedos, o famoso 'V' de vitória. A imagem representa até hoje a coragem britânica em meio a intensos ataques aéreos alemães. A ideia era incentivar os ingleses a resistir e se manterem motivados às investidas do inimigo germânico. A fotografia, publicada nos jornais da época, tinha a missão de inspirar os liderados e virou símbolo de uma mensagem de força e resistência. Que estímulos, em forma de mensagens, poderão ser utilizados pelos líderes da atualidade para inspirar colaboradores em momentos de crise e mudanças? Abraão mobilizou seu povo situado na Mesopotâmia (atual Iraque) a percorrer mais de 1.000 quilômetros até Canaã (atual Israel), enfrentando desafios no deserto e uma longa caminhada em um terreno hostil. Ele conseguiu cativar seus seguidores para o longo percurso através de uma frase inspiradora: 'Canaã, para onde iremos, é onde corre o leite e o mel'. O patriarca ofereceu, em forma de metáfora (leite e mel), a mensagem de que a vida em Canaã valeria o sacrifício, apesar dos desafios a serem enfrentados no deserto. A lição transmitida por Abraão, adaptada aos dias atuais, diz que um líder deve oferecer um 'norte' aos seus colaboradores. Um líder inspirado convence seu 'time' de que valerá a pena os esforços para atingir a 'nossa Canaã', uma terra onde poderemos conquistar a felicidade e nossos desejos mais profundos. Hoje, muitas pessoas que ocupam cargos de chefia se contentam em serem somente 'capatazes de funcionários'. Agem mecanicamente e cobram obsessivamente as metas de produção com seus 'chicotes verbais'. A comunicação desses 'chefes' é fria, distante e agressiva, desanimando os funcionários. O resultado é queda na qualidade de produtos e serviços. Em situações desafiadoras, grandes líderes sabem o que se passa 'dentro' dos colaboradores e conseguem, por meio de palavras e gestos, 'acender a chama' da inspiração de seus colaboradores. São mensagens cheias de 'leite e mel'. Fim da mensagem. Marcos Gross é mestre em Gestão de Comunicação e autor do livro 'Dicas práticas de comunicação: boas ideias para os relacionamentos e os negócios', da Trevisan Editora